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“O público pode esperar muitas emoções no final da novela”, diz Marcílio Moraes autor da novela
Do R7

Inspirada em tramas já estruturadas e na vã filosofia de um romancista russo, Marcílio Moraes encontrou inspiração para preparar com muito cuidado a sinopse de sucesso da trama de Ribeirão do Tempo.
– Juntei isso tudo, inventei uma cidade charmosa para a história acontecer e fui em frente.
Marcílio, que é também autor de várias peças de teatro, afirma que sua facilidade para construir os personagens tão característicos, e também os vilões da trama, vem da facilidade que tem em viver mais no mundo da sua própria imaginação do que na vida real.
– Eu não tenho um método para criar personagens. Eles vão surgindo na minha cabeça.
O autor tem um método especial de misturar suspense e humor. Agora, nesta reta final, além de falar sobre a trama e fazer um balanço sobre o tempo em que ficou no ar, revela:
– Uma novidade? Os malvados vão pagar pelo que fizeram, mas de maneira surpreendente. E um deles, de certa forma, vai se dar bem.
Confira abaixo a entrevista completa:
R7 – Como e em que você se inspirou para escrever uma trama misteriosa, como a de Ribeirão do Tempo? Como surgiu a sinopse da novela?
Marcílio Moraes – Tive relativamente pouco tempo para elaborar a sinopse de Ribeirão do Tempo. A novela me foi encomendada em julho de 2009 para estrear em fevereiro de 2010. Parti de três fontes principais: uma sinopse para as sete horas que eu tinha feito anos atrás, sobre esportes radicais; um romance policial inacabado que eu tinha guardado na gaveta e uma obra do romancista russo Dostoiévski, “Os Demônios”. Juntei isso tudo, inventei uma cidade charmosa para a história acontecer e fui em frente.
R7 – Todos os personagens de Ribeirão do Tempo são muito bem trabalhados, tem particularidades muito fortes. O que você buscou para estruturá-los? Como é o processo de criação das personagens?
Marcílio – Pergunta difícil de responder, porque eu não tenho um método para criar personagens. Eles vão surgindo na minha cabeça. Acho que tenho esta facilidade porque sempre vivi mais na minha imaginação que na vida real. Eu me esforço para que cada personagem seja único, tenha a sua maneira de ser, o seu jeito de falar, a sua visão própria de mundo. Procuro fugir dos estereótipos, que são muito comuns em telenovelas. Não penso no personagem em função de um ator ou atriz. O personagem é criado na minha imaginação e ali adquire vida própria. Depois é que vou pensar no ator ou atriz que pode representá-lo. Desta forma, a criação dos personagens é um desafio tanto para mim quanto para o elenco.
R7 – Ribeirão do Tempo é uma comédia satírica. Outros grandes autores que trabalham com TV e teatro dizem que fazer humor é uma das coisas mais difíceis. Para você, como é unir humor e suspense em uma só novela?
Marcílio – Tenho uma veia humorística bem desenvolvida. Talvez porque minha visão de mundo seja irônica. Gosto de mostrar o lado ridículo dos meus personagens, mesmo os “sérios” e malvados. Então o humor corre com muita facilidade no que escrevo. Acho que também tenho uma vocação para o policial. Não é difícil para mim armar uma trama de crime e mistério. Ou seja, na junção do humor com o suspense, me sinto na minha praia.
R7 – Durante todo o tempo em que a novela esteve no ar, até agora, várias vezes ocupou lugar isolado no ibope e, até pelo site oficial, nós observamos a boa receptividade que a novela tem. Você esperava todo esse sucesso da trama?
Marcílio – Nunca tive dúvidas de que a novela faria sucesso. Porque antes de tudo e de todos, eu me divertia muito ao escrevê-la, apesar de ser muito trabalhosa. E aí pensava, se eu me divirto, o espectador também vai se divertir. Acho que foi o que aconteceu. Recebo muitas mensagens de pessoas que adora a novela e a consideram superior a todas as outras que têm estado em cartaz. Me gratifica muito esse resultado.
R7 – Qual o balanço que você faz deste tempo todo que a novela está no ar? Quais pontos positivos e negativos?
Marcílio – Para mim foi uma novela muito trabalhosa, porque não é fácil articular o que eu chamo de personagem coletivo, ou seja, o conjunto dos habitantes da cidade, numa ação simultânea e coerente. Mas foi também uma experiência prazerosa, gratificante. Houve vários pontos positivos, o maior deles foi botar no ar uma novela calcada na ironia, sem truques e sem apelações e chegar a bom termo. Como ponto negativo eu destacaria a pouca atenção que a critica, de um modo geral, deu à novela.
R7 – O que o público pode esperar dessa reta final da trama? Você pode adiantar alguma novidade?
Marcílio – O público pode esperar muitas emoções no final da novela. Haverá cenas de ação e surpresas. E quase todos os desfechos terão um toque de ironia, ainda que cruel. Uma novidade? Os malvados vão pagar pelo que fizeram mas de maneira surpreende. E um deles, de certa forma, vai se dar bem.
Colaborou estagiária Andréa Martinelli Maso, do R7
Perto do fim…
A Record pretende encerrar as gravações de “Ribeirão do Tempo” neste próximo sábado (30). O último capítulo será exibido no dia 2 de maio, uma segunda-feira.
O autor Marcílio Moraes, entretido com a reforma da sua casa no Rio, só irá viajar depois de resolver esse assunto. Na volta, aí sim, ele passará a se dedicar à nova série policial da Record.
Estas informações são da coluna do Flávio Ricco.